Cirurgia endoscópica da coluna no tratamento da hérnia de disco lombar

Hérnia de disco lombar é uma patologia extremamente prevalente na nossa população. Ocasionada por ruptura do ânulo fibroso com extravasamento do núcleo pulposo para canal medular e consequente compressão radicular. A herniação do núcleo pulposo é responsável pela irritação e/ou compressão da raíz nervosa, ocasionando uma síndrome dolorosa conhecida como ciatalgia –  dor no trajeto do nervo ciático. Vários fatores predispõem o surgimento de hérnia de disco na coluna, tais como: herança genética, sobrepeso/obesidade, sedentarismo, tabagismo, atividade com carga excessiva ou de repetição na coluna e alterações degenerativas estruturais.

  A apresentação clínica clássica é de dor lombar com irradiação para as pernas. A dor tende a melhorar na posição deitada e com caminhadas curtas. Sintomas mais graves podem acontecer, como: alterações de esfíncteres (retenção urinária), anestesia/hipoestesia em região perineal, déficit neurológico radicular motor e sensitivo, bem como alterações do reflexo patelar ou aquileu.

Tratamento conservador é efetivo na maioria dos casos (cerca de 80% dos pacientes) e é realizado com medicação analgésica associada a anti-inflamatórios (esteroidal e não esteróidal), relaxante muscular e repouso relativo durante período crítico da dor (3 – 7 dias). O bloqueio peridural interlaminar ou caudal (via hiato sacral) e a infiltração foraminal isolada com anestésico e esteroides podem ser considerados na vigência de lombociatalgia aguda/subaguda refratária. Superada a fase de dor intensa, indica-se a realização de fisioterapia analgésica com TENS (eletroestimulação), manipulação miofascial e alongamento até retorno gradual às atividades do trabalho.

A cirurgia está indicada nas seguintes situações: síndrome da cauda equina; déficit neurológico motor ou sensitivo; refratariedade ao tratamento conservador por período de 6 a 12 semanas, desde que haja correspondência entre as manifestações clínicas e os achados da ressonância magnética (correlação clínico – radiológica).

A cirurgia endoscópica da coluna vertebral foi incluída no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS) a partir de 1 de abril de 2021, sendo a sua cobertura obrigatória por parte das operadoras de saúde. Fato que impulsionou a tendência de cirurgia minimamente invasiva da coluna vertebral.

A cirurgia endoscópica oferece ao paciente um tempo de recuperação mais rápido, menor risco de infecção, menor dano tecidual muscular, com mesmo desfecho clínico quando comparado a cirurgia aberta – microdiscectomia. A técnica auxilia, também, na preservação da mobilidade vertebral no pós-operatório, motivo pelo qual pode ser utilizada em atletas de alta performance, como jogadores de futebol, fisiculturistas, entre outros.

Existem 2 formas de realização da cirurgia, a depender do nível a ser abordado e da localização anatômica da hernia extrusa: acesso interlaminar ou transforaminal. Em geral, são procedimentos cirúrgicos simples e rápidos com baixa  morbidade para o paciente. A alta hospitalar é precoce (em até 24 horas após cirurgia) e o retorno às atividades laborativas ocorre entre 2 a 4 semanas, a depender da ocupação do paciente. Cerca de 90% dos pacientes submetidos a cirurgia endoscópica apresentarão melhora completa da lombociatalgia e serão considerados curados.

Na fase tardia, recomenda-se atividade física regular para controle de peso e fortalecimento da musculatura abdominal e paraespinhal, a fim de evitar a recidiva da hérnia ou degeneracão em outros discos lombares. Modalidades de fisioterapia como pilates ou RPG (reabilitação postural global) ajudam na correção de vícios posturais e fortalecimento muscular. Todo tratamento deve ser supervisionado por médico especialista em coluna vertebral.    

Vantagens da cirurgia endoscópica da coluna:

– Realização do procedimento sem anestesia geral;
– Perda sanguínea menor quando comparado com outras técnicas;
–  Menos danos teciduais musculares;
– Alta hospitalar precoce (em até  24 horas);
– Menor índice de complicações infecciosas;
– Retorno antecipado às atividades.

Dr. José Lopes de Sousa Filho
Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna
CRM/PB 6677 | RQE 4611

Dr. José Ramalho da Silva Neto
Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna
CRM/PB 6677 | RQE 4611

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