A Endometriose é uma doença crônica, cuja causa não é totalmente conhecida, em que há implantação de células do endométrio (a camada mais interna do útero) fora da cavidade uterina.
O que seria, então, Endometriose Intestinal?
Quando a Endometriose infiltra a parede do intestino (camada muscular); sua incidência varia entre 3,6% a 37%. As regiões mais acometidas são o reto e o cólon sigmoide (porções mais distais do intestino grosso), que representam 73% dos casos, seguida do apêndice cecal e do intestino delgado. Talvez a razão para isso seja a proximidade anatômica do reto com a região entre o útero e a vagina. Na maioria das vezes, essa doença é multifocal, pelo fato de acometer também órgãos pélvicos: peritônio, ovários e trompas.
O que fazer quando suspeitar clinicamente da Endometriose Intestinal?
Existem cinco pontos cardinais da Endometriose: dor pélvica crônica (cólicas menstruais exacerbadas e mesmo fora do período menstrual); infertilidade; fluxo menstrual aumentado; dispareunia (dor durante a relação sexual); sintomas que chamam a atenção para o diagnóstico da Endometriose retal: dor no reto e dificuldade para evacuar, durante o período menstrual.
O que fazer diante da suspeita clínica?
Após avaliação minuciosa do Ginecologista com experiência em Endometriose, a Ressonância de pelve e a Ultrassom de mapeamento para Endometriose são os principais exames.
Como deve ser o tratamento da Endometriose Intestinal?
O tratamento racional deve ser norteado por uma avaliação criteriosa dos sintomas do paciente e dos achados nos exames de imagem citados, por equipe multidisciplinar de Ginecologista e de Cirurgião do Aparelho Digestivo. O tratamento pode ser clínico medicamentoso e, em casos selecionados, como o tratamento das lesões no intestino, a videolaparoscopia é o método indicado. Através dessa técnica é possível o tratamento com sucesso, tanto da doença no intestino como nos órgãos pélvicos associados, além de também auxiliar no diagnóstico da doença.
Como deve ser conduzido o paciente após a cirurgia?
O seguimento deve ser por toda a vida do paciente, pois se trata de doença crônica e de causa multifatorial. O seguimento deve incluir avaliações periódicas do Ginecologista e do Cirurgião, bem como planejamento nutricional e tratamento de eventuais transtornos psíquicos, como ansiedade e depressão. A fisioterapia anorretal também é importante neste contexto. Em resumo, a Endometriose profunda é doença, atualmente, muito prevalente em nosso meio, de causa ainda desconhecida, apresenta evolução crônica e cuja abordagem e tratamento devem ser multidisciplinares para o resto da vida, visando ao adequado controle da doença e à melhora da qualidade de vida das pacientes.
FELIPE ANTÔNIO ROCHA DE ALMEIDA
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM/4377 | RQE 2756