Conheça o procedimento
A cicatriz da cirurgia de tireoide sempre foi uma preocupação constante entre os cirurgiões e os pacientes. A Tireoidectomia Endoscópica Transoral por Acesso Vestibular (TOETVA) é o resultado de inúmeros estudos que tentaram trazer um procedimento que, além de seguro e eficaz, também fosse estético por não apresentar cicatrizes aparentes. Entre os anos de 2016 e 2017, surgiram as primeiras publicações internacionais de grupos de cirurgiões asiáticos, apresentando essa técnica ao mundo.
Hoje a TOETVA é uma realidade na maioria dos Estados brasileiros. Já somos pouco mais de 100 cirurgiões habilitados, no Brasil, e são mais de 1.000 pacientes operados por essa técnica no país, com excelentes resultados.
Essa modalidade cirúrgica consiste basicamente na remoção da glândula tireoide pela boca, com auxílio de um sistema de vídeo para cirurgia. Através de três pequenas incisões de 0,5 cm a 1 cm, realizadas na face interna do lábio inferior, o cirurgião introduz os trocartes (tubos metálicos por onde serão introduzidos os instrumentais e a câmera) até o pescoço, por baixo da pele. Cria-se, então, um espaço abaixo da pele do pescoço, o qual é inflado com gás carbônico. O cirurgião, com o auxilio da câmera, localiza a tireoide e faz sua remoção de forma muito semelhante à cirurgia convencional, porém, utilizando instrumentais especiais que dispensam o uso de fios de sutura para ligadura das veias e das artérias. Todas as estruturas importantes, como nervos e glândulas paratireoides, são identificadas e preservadas e, após removida de seu leito, a tireoide é, então, colocada no interior de uma bolsa e retirada por um dos orifícios realizados no lábio.
É importante ressaltar alguns pontos sobre a técnica TOETVA
1. Todos os estudos científicos publicados até o momento comprovaram sua segurança e eficácia para o tratamento de doenças benignas e malignas. Quando comparada à cirurgia convencional, a TOETVA se mostrou igual ou superior no que se refere a evitar complicações pós-operatórias;
2. Dado ao número de cirurgias realizadas, no Brasil, superior a 1.000 casos, e, no mundo, superior a 10.000 casos, é falso atribuir à TOETVA o título de cirurgia experimental;
3. O maior benefício da TOETVA é, sem dúvidas, o fator estético, devido à ausência de cicatriz no pescoço;
4. A utilização da câmera permite a ampliação das imagens, fornecendo maior segurança para o cirurgião na identificação das paratireoides e dos nervos laríngeos relacionados à voz;
5. Todos os recursos que podem ser agregados à cirurgia convencional, para minimizar riscos, como monitorização eletrofisiológica de nervos, uso de tesoura seladoras, hemostáticos e antifibróticos, podem ser aplicados na TOETVA sem nenhuma dificuldade;
6. Do ponto de vista pós-operatório, a TOETVA permite uma recuperação rápida e confortável, com pouca ou nenhuma queixa de dor. Em alguns dias, o paciente pode voltar às suas atividades habituais.
João Paulo de Medeiros Vanderlei
Cirurgião de Cabeça e Pescoço
CRM/PB 5966 | RQE 3837