Quando eu falo a alguém que me dedico a tratar e a pesquisar o sintoma do zumbido, a reação mais comum é de espanto. Como a fisioterapia poderia ajudar alguém com um sintoma tipicamente auditivo? E a resposta está exatamente no fato de que o zumbido é um sintoma multifatorial e com repercussões nos demais sistemas do corpo, ou seja, não se restringe apenas a problemas de audição. Você pode estar se perguntando, nesse momento, quais são esses fatores. Então, vamos compreendê-los.
96% dos casos de zumbido estão relacionados com algum grau de perda auditiva e com problemas relacionados à orelha. Os 4% restantes dizem respeito a fatores metabólicos (diabetes e hipertensão, por exemplo), vasculares, neurológicos, psicológicos, problemas na coluna cervical, na articulação temporomandibular (ATM) ou pontos de tensão muscular. Há registro de mais de 200 fatores que podem estar relacionados com o zumbido, que pode manifestar-se de formas diferentes em uma mesma pessoa. Como assim? O indivíduo com zumbido pode ter perda auditiva e tensão muscular nas regiões próximas à orelha, caracterizando um zumbido de origem mista. Geralmente, quando o ruído é apenas em uma orelha e as dores ou disfunções articulares ou musculares são desse mesmo lado, com variações de volume e de intensidade, durante os movimentos da cabeça ou a abertura e fechamento da boca, esse zumbido é chamado do tipo somatossensorial.
Em 2018, foi publicado um artigo internacional que definiu critérios de diagnóstico do zumbido somático. Outras características apresentadas pelo documento, além das citadas anteriormente, são: a coincidência do tempo de surgimento da dor e do zumbido; a piora do sintoma com o aumento da dor; quando determinadas posturas provocam o surgimento ou o aumento do zumbido; e, principalmente, quando não há perda auditiva aparente, mas há dor na região do mesmo lado que o paciente relata sentir o zumbido.
Entre os recursos fisioterápicos já estudados que mostraram algum nível de
eficácia para a melhora ou redução do zumbido estão as técnicas de mobilização articular, agulhamento seco, alongamentos, relaxamento, acupuntura, exercícios de mobilidade, pressão digital sobre os pontos de tensão e o TENS. E, claro, a aplicação desses procedimentos dependerá da avaliação inicial feita por um fisioterapeuta, de preferência com reconhecido conhecimento sobre o assunto.
Dessa forma, além das técnicas, o profissional poderá fazer o que chamamos de aconselhamento em zumbido, esclarecendo como ocorre, o que é verdade e o que é mito sobre o assunto e pontuando as estratégias de enfrentamento diário que esse paciente pode vir a adotar. Portanto, o centro do tratamento deve ser o desenvolvimento do sentimento de aceitação e o enfrentamento por parte do indivíduo.
Ainda há questões que a ciência precisa responder e entender melhor acerca desta complexa junção de fatores que resulta em zumbido. No entanto, podemos, sim, contar com excelentes recursos terapêuticos e com o crescente número de profissionais especializados em diagnosticar e tratar o zumbido.
Alguém disse um certo dia: “Sempre há uma luz no fim do túnel, com o zumbido não seria diferente!” Deixo essa frase simples para reflexão. Então, se você, caro leitor, sofre com o zumbido, não desista de encontrar uma solução perfeita para você, e, se conhecer alguém que está passando por esse problema, anime-o a procurar ajuda!
Conte comigo para informações, esclarecimentos, diagnóstico e tratamento em casos de zumbido somatossensorial!