No artigo deste mês, a Imune Research vem conversar com você sobre a possibilidade da aplicação de vacinas em pessoas com alergia à proteína do ovo.
Para esclarecer melhor, vamos abordar inicialmente algumas considerações gerais.
Você sabia que, segundo estudos (LEONARD; NOWAK-WÇGRZYN, 2016), a alergia alimentar teve um aumento gradativo em seus percentuais, ao longo dos últimos anos, e que o ovo de galinha foi responsável por afetar entre 0,5 a 2,5% do público infantil?
Saiba que a alergia à proteína do ovo pode ter diversas variações quanto à sintomatologia, desde simples manifestações a reações clínicas severas (anafilaxia). Essas proteínas são encontradas, em maior parte, na clara dos ovos, sendo a de maior abundância a ovoalbumina.
VACINAS VERSUS ALERGIA AO OVO
É importante frisar que a análise das relações entre vacinas e alergia à proteína do ovo deve ser individualizada, porém a decisão deve ser sempre vacinar, respeitando as indicações conforme a idade da criança, essa deve ser a preocupação!
VACINA INFLUENZA
As vacinas contra influenza disponíveis no Brasil, até o momento, são todas inativadas, isto é, de vírus mortos, as quais são obtidas a partir de culturas virais em ovos embrionados de galinha.
Várias diretrizes, como as da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e do Center for Diseases and Control (CDC) dos Estados Unidos, asseguram que indivíduos que tenham alergia ao ovo, toleram bem a vacina contra influenza e podem ser vacinados normalmente. Recomenda-se que pacientes alérgicos a ovo, de qualquer gravidade, recebam a vacina a partir do 6º mês de vida, contudo aqueles que, após receberem a vacina influenza, tiverem reações alérgicas graves, como anafilaxia, não devem receber outras doses.
VACINA CONTRA FEBRE AMARELA
Existem dois tipos de vacina contra essa doença no Brasil e ambas são compostas do vírus vivo atenuado, cepa 17D- 204, que apresenta imunogenicidade superior a 95% (SBIm, 2017).
Essas vacinas são cultivadas em ovos embrionados de galinha e, no processo de fabricação, não são aquecidas, fazendo com que a quantidade dos resíduos das proteínas do ovo fique em concentrações elevadas (ovalbumina, entre 0,067 μg/0,5 mL e 2,21 μg/0,5 mL) (SMITH, et al., 2015; ASBAI, 2017).
Dessa forma, as recomendações atuais para os alérgicos à proteína do ovo são (ASBAI, 2017; SBIm, 2018):
• Indivíduos com histórico de reações alérgicas leves a moderadas, após ingerirem ovo (apenas urticária), podem receber a vacina, sob supervisão médica;
• Indivíduos com histórico de reações alérgicas graves (anafilaxia), após a ingestão de ovo, têm contraindicação para receber a vacina.
VACINA TRÍPLICE VIRAL (SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA)
Algumas dessas vacinas são cultivadas em fibroblastos de galinha, mas que contém uma quantidade muito baixa de proteína do ovo, sendo insuficiente para gerar contraindicações a alérgicos (BRA- SIL, 2014b; SBIm, 2018). Entretanto, existe, na rede privada, vacinas tríplices virais totalmente isentas de resíduos de proteínas do ovo!
Se não há contraindicação, não deixe de levar seu filho para se vacinar.
ANDREIA ROQUE DE SOUZA CAVALCANTI
Responsável Técnica