Nódulos de tireoide são bastante comuns. Estima-se que metade da população adulta apresenta nódulos na tireoide, sendo apenas em torno de 10 % deles malignos. Entretanto mesmo que benignos esses nódulos podem necessitar de tratamento. São situações como:
- Nódulos volumoso;
- Presença de sintomas compressivos, como dificuldade para engolir ou para respirar;
- Desconforto estético;
- Nódulos produtores de excesso de hormônio.
Nesses casos, até há pouco tempo, a única opção de tratamento efetivo era a cirurgia. Contudo a ablação por radiofrequência surgiu como uma opção para esses pacientes. Essa técnica tem as seguintes vantagens:
- Não necessitar de reposição hormonal (a tireoide não é removida);
- Não apresentar cortes ou cicatrizes;
- Volta rápida a rotina de vida (logo após a recuperação da sedação, guardando repouso por apenas um dia);
- Anestesia local associada a sedação;
- Menor risco de complicações associadas a voz e aos níveis de cálcio no sangue.
Durante o procedimento, uma fina sonda como uma agulha é introduzida através da pele até o interior do nódulo da tireoide, guiada por ultrassonografia. Um gerador conectado a sonda por fios emite a energia de radiofrequência que percorre a sonda até sua ponta, onde gera calor suficiente para “queimar” apenas o nódulo. Todo o restante da glândula é preservado. Terminado o procedimento e estando recuperado da sedação, o paciente já pode retomar suas atividades normais.
É importante ressaltar que o nódulo não desaparece de imediato. Com o passar dos dias o nódulo vai regredindo até praticamente desaparecer ao fim de 6 meses. Em algumas situações como nódulos muito volumosos, podem ser necessárias mais de uma aplicação para se obter o resultado desejado. Como apenas os nódulos são “queimados” sem atingir a parte sadia da glândula, essa tecnologia além de não deixar cicatrizes, evita o hipotireoidismo associado a remoção completa da tireoide, pois preserva a glândula normal que permanece produzindo os hormônios tireoidianos. Poucos efeitos colaterais são relatados pelos pacientes como dor leve ou desconforto na região da tireoide que são tratados com analgésicos simples.
Até o momento, salvo raras exceções, apenas nódulos benignos devem ser tratados por esse método, porém alguns estudos internacionais já mostram eficácia e segurança oncológica da ablação no tratamento de cânceres da tireoide, desde que tenham tamanho inferior a 1 cm, mostrando que a ablação deve trazer mais novidades em breve. A escolha do tratamento deve ser sempre do paciente. O médico deve informar riscos e vantagens de todas a opções de tratamento para dar subsídios a decisão do paciente. Todas essas informações e a decisão do paciente deve ser documentada em um termo de consentimento assinado pelo paciente.
Dr. João Paulo de Medeiros Vanderlei
Cirurgião de Cabeça e Pescoço
CRM/PB 5966 | RQE 3837