O prolapso de valva mitral (PVM) é uma das alterações mais comuns das valvas cardíacas, tendo prevalência estimada em 1 a 3% da população geral. O diagnóstico é comumente realizado em exames de rotina, antes mesmo de apresentar sintomas. Dúvidas sobre o tema são frequentes no consultório médico.
O que é a valva mitral?
O coração apresenta 4 pequenas válvulas (ou valvas), que funcionam como ‘’portas’’ entre as câmaras cardíacas, permitindo a passagem e impedindo o retorno do fluxo sanguíneo após cada batimento. A mitral é a valva que conecta as câmaras esquerdas (átrio com ventrículo esquerdos).
E o que é o prolapso?
Em condições normais, as válvulas se fecham de maneira efetiva, impedindo o retorno de sangue após cada fase do ciclo cardíaco. No prolapso, entretanto, devido ao excesso de tecido nestas valvas, ocorre defeito em seu fechamento e, consequentemente, um pequeno refluxo.
O PVM, portanto, é um excesso de tecido na valva mitral que prejudica o seu funcionamento.
Qual a causa do PVM?
O PVM, em sua maioria, tem origem genética, sendo comum em membros da mesma família. Apesar de menos frequente, também é possível ser adquirido.
Sopro no coração é igual a prolapso?
Sopro cardíaco é uma condição genérica, e pode representar diversas doenças do coração. Como o prolapso é uma das mais frequentes destas, é comumente causa de sopro. Entretanto sopro não é sinônimo de prolapso.
Quais são os sintomas?
Os sintomas variam muito de indivíduo para indivíduo. A maior parte dos pacientes serão assintomáticos. Outros, podem apresentar palpitações (arritmias), desconforto no peito, falta de ar e até mesmo infecções das valvas cardíacas. A gravidade dos sintomas costuma ser proporcional à gravidade da doença.
E como sei se meu prolapso é grave ou não?
O melhor método de avaliação do prolapso é através do exame de Ecocardiograma. Nele, é feito tanto o diagnóstico como avaliação da gravidade.
Após o diagnóstico de PVM, como fazer o seguimento?
O seguimento vai depender da gravidade do PVM, determinada após o Ecocardiograma.
Nos casos de acometimento discreto, o paciente é orientado da benignidade do quadro, devendo manter suas atividades habituais. Não existe qualquer contraindicação de atividade física. O PVM é então reavaliado durante o check-up anual de rotina.
Já nos casos graves, pode ser indicado uso de medicações tanto para controlar os sintomas (p ex. betabloqueadores para arritmias) como para evitar infecções na valva. Nos casos que apresentam refluxo de grau importante, pode ser indicada a intervenção cirúrgica. O ideal é que o caso seja reavaliado a cada 6 meses.
Como seria o tratamento cirúrgico?
Na abordagem cirúrgica convencional, toda a valva pode ser trocada por uma prótese (mecânica ou biológica) ou pode ser realizado apenas o reparo (plástica) do folheto acometido. A escolha do método depende da anatomia da valva (avaliada previamente no exame de imagem) e da experiência do cirurgião.
Mais recentemente, tem surgido uma alternativa minimamente invasiva, onde é feita uma clipagem percutânea do defeito valvar. Esse procedimento é realizado através de uma punção na virilha, na sala de hemodinâmica. Para a escolha desse método, é essencial a avaliação pelo Ecocardiograma Tridimensional e a escolha de uma equipe de Hemodinâmica experiente.
Consulte seu cardiologista sobre o seguimento do PVM.
Dr. Hélio Lisboa Filho
Cardiologista
CRM/PB 9546 | RQE 6660 | RQE 6661