Hérnia de disco e dor lombar

Entenda sua dor de coluna

A parte mais baixa da coluna vertebral é a região lombar, que contém cinco vértebras que, além de estarem na parte mais móvel, suportam a maior parte do peso do corpo. A dor que surge na lombar está muitas vezes relacionada a carregar peso, má postura a esforço repetitivo. Fatores emocionais podem ser, também, um fator agravante.

Ter dor na lombar nem sempre significa doença na coluna propriamente dita, sendo muitas apenas dor de origem muscular. Alguns pacientes têm crises esporádicas e autolimitadas, ou que facilmente melhoram com medicações e fisioterapia.

Mas, em outros casos, a dor recorrente e cada vez mais incapacitante deve chamar a atenção para a necessidade de uma avaliação e investigação especializada direcionada a uma causa relacionada a coluna vertebral, como, por exemplo, as hérnias de disco lombar. Alguns fatores favorecem a instalação da hérnia, como a obesidade, o envelhecimento e o esforço físico inadequado.

Como surge a hérnia de disco?

Para entender o que é uma hérnia de disco, é necessário primeiro compreender o significado da expressão “hérnia”: quando alguma parte do corpo sai do seu local de origem. Enquanto a palavra “disco” se refere ao disco intervertebral, localizado na coluna.

O disco intervertebral é uma estrutura cartilaginosa que guarda em seu centro o núcleo pulposo (um líquido gelatinoso), sendo responsável pelo amortecimento das grandes cargas suportadas pela coluna, ao mesmo tempo que permite a movimentação entre as vértebras de forma estável e coordenada.

A hérnia de disco surge quando esse disco é danificado, ficando com rompimentos ou fissuras, o núcleo perde seu formato original e sai por essas aberturas. Este deslocamento pode ser apenas um abaulamento da parte externa do disco ou pode, também, ser um deslocamento completo em direção às estruturas nervosas dentro do canal vertebral. A esse acontecimento damos o nome de hérnia de disco.

Geralmente, a hérnia de disco se forma após várias lesões no disco da coluna. Postura e movimentos inadequados podem danificar o disco, deixando-o com uma espessura menor. E se esses hábitos não forem corrigidos o quanto antes, em poucos anos, esse dano se tornará uma hérnia. Os três principais tipos de hérnia em ordem de gravidade são: protrusão discal, hérnia de disco extrusa e hérnia de disco sequestrada.

Quais os sintomas da hérnia de disco?

Os sintomas da hérnia de disco geralmente surgem anos antes de descobri-la, com as frequentes dores nas costas que, geralmente, são ignoradas. E por mais que a dor lombar não seja o único indicador de hérnia de disco, é um dos primeiros sinais de alerta que o corpo emite.

Além da dor lombar, a hérnia de disco é geralmente acompanhada de dor irradiada para as coxas, pernas e os pés, dependendo do nível da coluna e correspondentes nervos lombares comprometidos. É uma das principais causas da conhecida “dor ciática”.

Em alguns casos, além da dor irradiada para os membros inferiores, podem ser também observadas alterações neurológicas como fraqueza muscular, anestesia e formigamentos, assim como alterações de reflexos. A pessoa com hérnia de disco lombar sente muita dor para elevar a perna com o joelho esticado.

Como reabilitar a minha coluna com hérnia de disco?

O tratamento da hérnia de disco lombar depende muito de como o quadro se apresenta. Na esmagadora maioria dos casos, o tratamento é feito de forma conservadora, pois trata-se, muitas vezes, de um quadro autolimitado, ou seja, o próprio corpo tem mecanismos de sanar o dano e voltar a uma função plena e indolor. Apesar de autolimitado com tendência a ficar bom, é um quadro muito doloroso e deve ser adequadamente medicado para que a recuperação seja mais rápida e menos traumática. O repouso deve ser limitado devido aos riscos impostos por inatividade mais intensa. A fisioterapia sempre é uma das primeiras técnicas de tratamento que indicamos. Ela funciona para aliviar a dor mais aguda e também melhorar a postura e o equilíbrio da musculatura lombar e abdominal.

Quando é necessária a cirurgia?

Infelizmente nem todos os casos evoluem satisfatoriamente. Existem casos mais dramáticos onde o comportamento da doença não é autolimitado, evoluindo com piora progressiva tanto da dor como das alterações neurológicas. Esses casos – principalmente aqueles que apresentam acometimento neurológico mais grave com perda de força significativa e muito formigamento – devem ser acompanhados bem de perto por um especialista. Apenas o acompanhamento meticuloso poderá indicar o momento adequado de intervir cirurgicamente, se necessário, a fim de evitar sequelas neurológicas graves como fraqueza e anestesia definitiva. Esse especialista deve ter domínio de todas as técnicas disponíveis para o tratamento da hérnia de disco, a fim de julgar qual delas melhor atenderá cada caso específico. Exames de imagem apropriados, como ressonância e radiografia, são importantes para o diagnóstico e orientação do tratamento cirúrgico.

Qual técnica? Minimamente invasiva? Endoscopia? Artrodese? Prótese discal?

Felizmente, para os casos que não respondem adequadamente ao tratamento conservador, existe hoje grande variedade de intervenções com uma escala gradual de complexidade e risco, que vai desde injeções espinhais, podendo ser abordadas por métodos percutâneos e permitindo, cada vez mais, melhores resultados com métodos cada vez menos agressivos, mais seguros e mais efetivos.

O importante é entender que o tratamento é individualizado – algumas hérnias precisam ser tratadas com dispositivos de estabilização para que não ocorra recorrência. Fatores relacionados a idade, porte físico do paciente, tipo de dor predominante (dor lombar ou dor ciática), tempo de evolução da doença, bem como os próprios anseios dos pacientes são levados em conta na indicação da técnica cirúrgica. A cirurgia por endoscopia atualmente é uma técnica que permite reabilitação e retorno ao trabalho mais precocemente, mas é preciso experiência e discernimento especializado do cirurgião para oferecer a melhor técnica para determinado paciente. Essa é a nossa missão.

Dr. Erickson Bonifácio
Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna
CRM/PB 6005 | RQE 4173

Dr. Ronald Farias
Neurocirurgião
CRM/PB 4263 | RQE 2068

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