Cefaleia e Epilepsia

CEFALEIAS: As dores de cabeça podem ser primárias (cerca de 80 a 90% dos casos) ou secundárias. Enquanto as primárias não oferecem riscos ao paciente, embora possam interferir em sua qualidade de vida, as secundárias estão relacionadas à alguma doença orgânica, devendo, por isso, ser prontamente diagnosticada e tratada com eficácia.

              1) CEFALEIAS PRIMÁRIAS: existem mais de 100 tipos diferentes de dor de cabeça. A enxaqueca é um dos tipos, sendo caracterizada por uma dor recorrente e pulsátil de intensidade moderada à severa, frequentemente unilateral, podendo vir acompanhada de fotofobia (intolerância à luz), de fonofobia (intolerância ao barulho), de náuseas e de vômitos. A dor piora com a atividade física, durante a crise, e tem periodicidade variável, podendo durar horas ou dias – de 4 a 72 horas. A crise pode ser precedida por aura (distúrbios sensoriais, motores ou psíquicos que geralmente antecedem a cefaleia). Alguns alimentos, por exemplo queijos amarelos, vinho tinto, carnes defumadas, chocolate, frutas ácidas e frituras podem desencadear a enxaqueca.

       Tratamento: o tratamento da enxaqueca pode ser dividido em duas categorias: sintomático e profilático. E a escolha do tipo de medicação depende do perfil de cada paciente.

A cefaleia tipo tensão (ou tensional) é a forma mais comum de dor de cabeça, embora menos conhecida que a enxaqueca, sendo, em geral, bilateral e descrita como um peso na cabeça. Ela pode apresentar-se de forma episódica ou crônica, e o uso de antidepressivos é normalmente eficaz nessa última.

              2) CEFALEIAS SECUNDÁRIAS: correspondem a cerca de 10% a 18% dos casos e são essas que necessitam de maior atenção quanto ao diagnóstico e ao tratamento.

       Principais sinais de alerta que necessitam de atenção na investigação: dor de cabeça que acorda o paciente; dor de início súbito, que mudou de padrão ou de caráter progressivo; alterações no exame neurológico; cefaleia após tosse, espirro ou exercício físico; história de trauma de crânio ou cefaleia iniciada após os 50 anos de idade.

EPILEPSIA

A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns, atingindo 1% a 3% da população mundial. A crise epiléptica corresponde à ocorrência súbita e transitória de uma atividade neuronal anormal ou excessiva, causada por alterações genéticas ou adquiridas (ex. tumores, trauma craniano, AVC etc.). Uma consulta médica detalhada, seguida de um diagnóstico, pode apontar a causa das crises e o tratamento mais adequado.

Tipos de crises epilépticas: a classificação correta dos tipos de crises é muito importante, pois isso guiará o melhor tratamento para o paciente. Há aqueles que apresentam crises focais e outros que apresentam crises generalizadas. Vale salientar que a convulsão (crise generalizada tônico-clônica, associada à salivação e à mordedura da língua) é apenas um tipo de crise generalizada. Para uma caracterização do tipo de crise, é fundamental, durante a consulta neurológica, o relato adequado do paciente e/ou de uma pessoa que presenciou o evento epiléptico, sendo a investigação complementada com eletroencefalograma e ressonância magnética.

Tratamento da epilepsia: o uso das drogas anticonvulsivantes é eficaz em 70% a 80% dos casos, e esses pacientes devem ser acompanhados periodicamente, pois o uso das medicações anticrises normalmente ocorre por tempo prolongado (entre 2 e 5 anos). Para os pacientes que apresentam crises frequentes (20 a 30% dos casos), mesmo usando uma ou mais drogas, de forma correta, o tratamento cirúrgico pode ser uma opção importante, havendo controle das crises em até 80-90% desses pacientes. Através da vídeo eletroencefalografia (vídeo-EEG), realizada por profissional experiente, é feito o registro simultâneo das crises e do eletroencefalograma, além de definido se há um foco epileptogênico ressecável. Nos casos de epilepsia com múltiplos focos, ou generalizada, há outros procedimentos que podem ser realizados, diferentes da ressecção cirúrgica (ex. implante de eletrodo no nervo vago e a estimulação cerebral profunda). Embora não haja uma idade determinada para a cirurgia, a tendência mundial é de se operar precocemente o portador de epilepsia. É importante enfatizar que cada caso deve ser avaliado individualmente e por uma equipe multidisciplinar, para se definir a melhor opção de tratamento para o paciente.

Prof. Dr. Stenio Abrantes Sarmento
Neurocirurgia/Neurologia
CRM/PB 4577
RQE 2157

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