O folículo piloso é a parte da pele onde se dá o crescimento do cabelo, porém, esse crescimento não é contínuo durante a vida, ele ocorre passando por ciclos. Cada ciclo é dividido em três fases. A primeira é chamada ANÁGENA, ou de crescimento pois nesse período o bulbo piloso situado na extremidade inferior do folículo regenera-se para formar a fibra capilar da haste levando a um crescimento com cerca de 1,0 cm ao mês. Esse processo dura em média 4 a 6 anos até que tenha inicio a fase CATÁGENA, onde ocorre uma parada na produção de fibra e o folículo retrai-se a superfície do couro cabeludo, durando cerca 2 a 3 semanas. A terceira fase é a fase TELÓGENA e corresponde ao período de repouso onde o cabelo não cresce mas permanece aderido ao folículo por cerca de 6 semanas ate que ele se desprenda e caia.
A qualquer momento temos uma quantidade de pelos em fases diferentes de repouso, crescimento e de desprendimento, pois os folículos não tem fases sincronizadas, ou seja, cada fio de cabelo tem seu crescimento independente, caso contrário, teríamos período de total perda dos fios e outra com abundante quantidade deles.
É comum pacientes apresentarem queixa de queda dos fios, onde cerca de 90% das vezes trata-se de eflúvio telógeno, que é o aumento da queda diária de fios de cabelo, devido o encurtamento da fase anágena, deixando um desequilíbrio na quantidade de fios.
O diagnóstico nem sempre tem a sua causa definida, mas sabe-se que pode estar associado a doenças autoimunes, dentre elas, a tireoidite de Hashimoto, alterações hormonais, pós-parto, deficiência nutricional por dietas restritivas ou pós-bariátrica, uso de medicamentos, infecções e estresse emocional.
Além dessas causas, foi observado que um terço dos indivíduos com diagnostico de Covid-19 apresentam perda dos fios e sensibilidade do couro cabeludo (tricodínia) segundo a Dra Ana Carina Junqueira, médica tricologista à frente do IBEMC – Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisa em Medicina Capilar. A hipótese mais plausível é que seja um quadro de eflúvio telógeno, desencadeado por uma serie de fatores que acompanham a doença, como o próprio agente infeccioso, medicamentos no tratamento e o estresse psicológico causado pela doença.
É importante frisar que não há um tratamento específico para o eflúvio telógeno, pois o mesmo pode variar, a depender das causas. Outra informação importante e dizer que o eflúvio é um quadro temporário e tende a cessar, entre 2-4 semanas, com recuperação dos fios em seis meses. Contudo, existem práticas e tratamentos para estimular o crescimento dos cabelos e regularizar distúrbios do ciclo biológico, dentre eles o uso de loções, xampus, vitaminas, nutracêuticos, laseres, Low Level Light Therapy (fototerapia) e até medicamentos.
O mais prudente, ao perceber alterações nos fios, é buscar um especialista no assunto. Além de fazer um diagnóstico mais preciso, ele ainda vai indicar as melhores práticas para amenizar e/ou tratar o quadro.
MARIANA WEISHEIMER
Médica
CRM/PB 9511