Distúrbios Respiratórios Relacionados ao Sono na Infância

O sono é um estado fisiológico reversível, em que ocorre diminuição da responsividade e da interação com estímulos externos. Apesar da redução da atividade motora e da consciência, configura um estado de extrema atividade cerebral, envolvida no processamento da memória e do aprendizado, assim como no crescimento e na reparação dos mais variados tecidos, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento infantil.

Suas alterações, portanto, associam-se a um maior risco de alterações comportamentais e cognitivas, como dificuldade de atenção, desempenho escolar insuficiente, ansiedade e depressão, além de conferirem maior risco de desenvolver sobrepeso e obesidade.
Os distúrbios do sono acometem ao redor de 20% a 30% dos indivíduos entre a infância e a adolescência. Assim, o conhecimento dos padrões normais de desenvolvimento e dos parâmetros de sono são essenciais, assim como das medidas que podem ser implementadas na presença de alterações.

Essa classificação inclui patologias que cursam as anormalidades da respiração e da ventilação, durante o sono, que compreendem a apneia obstrutiva do sono (SAOS), as síndromes de apneia central, a hipoventilação e a hipoxemia relacionadas ao sono. Dessas, a mais prevalente e relevante para pacientes pediátricos é a SAOS.

A apneia obstrutiva do sono caracteriza-se por uma obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores, levando ao aumento do esforço respiratório, à hipóxia e à hipercapnia. Acomete entre 1% a 5% da população pediátrica, com pico de prevalência entre 2 e 8 anos, e tem como principal causa a hipertrofia adenoamigdaliana. Fatores de risco são: sexo masculino, raça negra, história familiar de SAOS, prematuridade, obesidade, rinite alérgica, asma, presença de patologias neurológicas, tais como síndrome de Down, Prader-Willi, malformação de Chiari, paralisia cerebral, além de micrognatia e de doenças neuromusculares.

A apresentação clínica é variável e pode incluir respiração difícil ao menos 3 noites, por semana (na ausência de patologia aguda de vias aéreas superiores), enurese noturna secundária, hiperextensão cervical durante o sono, cefaleia matinal, sonolência diurna ou sensação do sono não reparador, sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e dificuldades de aprendizagem. Além disso, a longo prazo, associa-se a problemas estaturais, a hipertensão arterial sistêmica e mesmo a hipertrofia ventricular direita. Os critérios diagnósticos incluem ronco habitual, esforço/obstrução respiratória ou sintomas diurnos relacionados à fragmentação do sono (sonolência excessiva, hiperatividade) e achados específicos à polissonografia (um ou mais eventos obstrutivos por hora de sono ou PCO2 acima de 50 mmHg durante mais de 25% do tempo de sono, associados a roncos, a movimentos toracoabdominais paradoxais ou a redução da amplitude da onda de pressão de fluxo nasal).

Classifica-se como leve um quadro de SAOS com índice de apneia-hipopneia maior que 1 e menor ou igual a 5 por hora; moderado, quando maior que 5 e menor ou igual a 10, e grave, quando acima de 10 eventos por hora. Portanto, uma vez sabendo das repercussões negativas que os distúrbios do sono podem gerar em uma criança, é importante investigar o quanto antes as causas para definir o melhor tratamento

Weidinara Rodrigues
Otorrinolaringologista
CRM/PB 9751 | RQE 5799

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