Hemorroidas são estruturas anatômicas normais formadas por vasos sanguíneos comunicantes situados na parte interna do ânus. Quando esses vasos aumentam de tamanho, inflamam e produzem sintomas, surge a doença hemorroidária. Aproximadamente metade das pessoas na idade adulta tem ou já teve algum sintoma relacionado à doença hemorroidária. A queixa mais comum da doença hemorroidária é o sangramento, geralmente indolor, que suja as fezes com raias de sangue vivo ou, em casos mais intensos, chega a respingar no vaso sanitário. Outros sintomas comuns são coceira ou irritação no ânus, dor contínua ou durante as evacuações, presença de prolapso – quando os mamilos hemorroidários exteriorizam-se através do canal anal –, nódulo anal doloroso e presença de secreção viscosa no ânus.
De maneira geral, o tratamento inicia-se com medidas simples de alterações comportamentais e dietéticas, seguidos de tratamentos medicamentosos. Quando não se tem uma resposta adequada, avalia-se a implementação de algum tratamento cirúrgico.
O uso de dieta rica em fibras, com aumento da ingestão de frutas e verduras associado à ingestão de pelo menos dois litros de água por dia pode regular o hábito intestinal e provocar eliminação de fezes mais macias que diminuam o esforço evacuatório e o trauma provocado pelas fezes ressecadas. Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de medicamentos específicos para as veias hemorroidárias (chamadas flebotônicos): anti-inflamatórios e pomadas de uso tópico. Em relação ao tratamento cirúrgico, existem várias técnicas, desde a cirurgia clássica até tratamentos alternativos. A chamada hemorroidectomia clássica tem eficiência amplamente comprovada pela literatura médica ao longo das últimas décadas, com baixo índice de recidiva da doença e de complicações. No entanto é uma técnica com recuperação pós-operatória prolongada e que provoca dor durante as evacuações por um período de até duas semanas após a cirurgia. Para tentar superar esse problema, surgiram várias técnicas alternativas ao longo dos últimos anos. A ligadura elástica, técnica que pode ser utilizada em consultório, sem necessidade de anestesia, é uma opção bem eficaz no tratamento de doença hemorroidária leve. A desarterialização e hemorroidopexia emergiu nos últimos anos como opção cirúrgica “sem corte” com menos dor no pós-operatório. Quando bem indicada e realizada, apresenta desfechos equivalentes à cirurgia tradicional, conforme estudos recentes. Nessa técnica, as artérias que irrigam as hemorroidas são localizadas, por meio de um aparelho de ultrassonografia, e tratadas, sem a necessidade da remoção da hemorroida, o que proporciona menos dor ao paciente. De toda maneira, o que vale destacar é que a doença hemorroidária tem tratamento e passa necessariamente pela avaliação de um coloproctologista apto a realizar o diagnóstico e o tratamento mais indicado para cada caso.
Dr. Gabriel Garcia
Coloproctologista
Endoscopista Digestiva
CRM/PB 7878
RQE 5630 | 5632
