Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): atualizações e quando operar

A DRGE é uma das enfermidades mais frequentes no consultório do Gastroenterologista e do Cirurgião do Aparelho Digestivo. 

O refluxo Gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago. Este pode ser fisiológico e principalmente durante o sono, por conta do relaxamento do músculo que controla o refluxo na região do esôfago, ocorrendo episódios isolados e controlados deste refluxo. 

A DRGE acontece quando o refluxo é patológico, ocorrendo em uma frequência ou quantidade maior que a normal, causando uma reação na região do esôfago, com ou sem inflamação e surgimento de alguns sintomas. 

O que causa esse refluxo patológico e a DRGE? 

1. A hérnia de hiato, que significa a passagem de parte do estômago para a região acima do abdome. Quando essa hérnia assume proporções moderadas, frequentemente causa o refluxo patológico. 

2. Obesidade e acúmulo de gordura na região superior do abdome também alteram a chamada barreira anatômica normal contra o refluxo gastroesofágico.  

3. Hipersensibilidade esofágica, que é um fenômeno descrito há pouco tempo, devido ao qual o revestimento interno do esôfago se torna hipersensível ao ácido refluído e causa uma condição chamada de pirose funcional. Acha-se que tal situação está relacionada a fatores psicogênicos. 

Quais são os sintomas da DRGE? 

1. Típicos: azia e pirose (queimor na região do estômago e retroesternal), regurgitação (sensação desagradável de retorno de um líquido ácido, às vezes até a boca) e dor torácica. Às vezes, a dor torácica se confunde com a dor de origem cardíaca nas urgências. 

2. Atípicos: sintomas extra-esofágicos, como tosse seca, pigarro, rouquidão, sensação de sufocação noturna ou de bolo na garganta (globus). Esses sintomas frequentemente fazem o paciente procurar outros profissionais como otorrino e pneumologista. 

Que exames são necessários para avaliar o paciente com suspeita clínica de DRGE? 

Endoscopia Digestiva Alta e exames mais complexos como Ph-metria e Manometria Esofágicas, quando necessários. 

A DRGE pode desenvolver complicações? 

Sim, tais como úlcera do esôfago, estreitamento da parte distal deste órgão (estenose) e o esôfago de Barret. Este último é uma condição em que há uma modificação do epitélio de revestimento interno do esôfago para outro semelhante ao do estômago, ou seja, uma metaplasia intestinal. 

Como deve ser o tratamento da DRGE? 

Em cerca de 80 a 90% dos casos, o tratamento se faz com medicamentos e com a mudança do estilo de vida adicionado à dieta. É importante o tratamento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, e da obesidade, quando associados. 

Quando a Cirurgia pode ser o tratamento? 

1. Em cerca de 10 a 20% dos casos, pode haver necessidade da cirurgia antirrefluxo, feita por videolaparoscopia. Esta tem indicação quando, por exemplo, há uma hérnia de hiato, de moderada a volumosa, associada a refluxo. 

2. Nos casos de obesidade mórbida, em que a Cirurgia Bariátrica se propõe a tratar também a doença do refluxo gastroesofágico, com bons resultados em termos de resolução clínica dessa complicação. A escolha da técnica, se Sleeve ou Bypass gástrico, dependerá da avalição criteriosa por parte do cirurgião. 

FELIPE ANTÔNIO ROCHA DE ALMEIDA
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM/4377 | RQE 2756

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