A mulher passa por diversas fases de sua vida, nas quais pode haver alterações fisiológicas ou patológicas que requeiram terapia hormonal, isto é, a reposição de hormônios, como estradiol, testosterona e gestrinona, sendo a composição de acordo com o objetivo do tratamento.
Na perimenarca, podem ocorrer sangramentos uterinos anormais, dismenorreia e situações de hiperandrogenismo com acne e hirsutismo, patologias que podem ser tratadas com a administração de hormônios.
A menstruação pode trazer muitas manifestações desagradáveis e consequências bastante negativas à qualidade de vida da mulher. O bloqueio da ciclicidade menstrual através da terapia com implantes subcutâneos constitui uma ferramenta de tratamento oportuna e necessária para diversas situações.
Em patologias benignas do aparelho genital, como endometriose (que pode causar dor pélvica crônica e esterilidade) e miomatose (hemorragias, anemia, esterilidade), a suspensão da menstruação será muito eficaz.
Na síndrome da tensão pré-menstrual, em que a mulher sofre um quadro que dificulta sua vida conjugal, familiar e até profissional, devido aos sintomas emocionais (compulsão alimentar, cansaço, depressão, irritabilidade, ansiedade, insônia) e físicos (cefaleia, acne, aumento de peso, mastalgia, distensão abdominal, dores musculares).
A partir da 4ª década de vida, é comum a mulher já apresentar deficiência de testosterona, levando à queda da libido e à perda de força muscular e de desempenhos físico e mental.
Entretanto, será na menopausa, por volta dos 50 anos, que a falência ovariana definitiva causará queda generalizada e progressiva de todos os hormônios sexuais, e a mulher vivenciará a maior crise de toda a sua vida. Aqui, os implantes hormonais têm sua melhor indicação, dando o suporte adequado aos distúrbios do climatério, com o controle de sintomas, como fogachos, insônia, fadiga e queda da libido e da lubrificação vaginal, além de prevenir osteoporose e distúrbios urinários.
Devemos ter em mente que a nova mulher, 50+, é mais ativa, vaidosa, pratica esportes, é produtiva física e intelectualmente e valoriza bem mais a sua sexualidade que a mulher de outrora.
Se imaginarmos que a expectativa de vida da mulher brasileira está acima dos 80 anos, sem a terapia hormonal, ela teria mais 30 anos de sua vida em péssima qualidade, além de doenças do envelhecimento (doenças metabólicas, sobrepeso, doenças cardiovasculares), também causadas, em parte, pelo declínio hormonal.
Ou seja, em cada fase da vida da mulher existem distúrbios hormonais próprios, que devem ser corrigidos, individualmente, após criteriosa avaliação de um ginecologista com conhecimento e experiência no manejo da terapia hormonal feminina.
Os implantes hormonais consistem em uma via de administração de hormônios, sob a forma de pequenos tubos flexíveis de silástico semipermeáveis, que medem de 4 a 5cm de comprimento e são colocados preferencialmente na região glútea, sendo um procedimento simples, feito com anestesia local. O hormônio é liberado gradativamente na corrente sanguínea, de maneira segura e em baixas doses, por um período de 6 meses a 1 ano, a depender do implante.
A terapia por implante hormonal apresenta diversas vantagens:
- São usados hormônios bioequivalentes (iguais aos produzidos no organismo)
- As doses usadas nos implantes são mais baixas e eficazes, minimizando os efeitos colaterais das terapias em altas doses
- Por ser uma via subcutânea, evita-se um risco maior de hipertensão, de coagulopatias e de alterações do perfil lipídico, provocados pela metabolização hepática da via oral
- A terapia se torna mais prática e segura, sem risco de esquecimento, como nas terapias diárias, favorecendo a adesão ao tratamento
- Maior individualidade da terapia, com dose e combinação de acordo com a necessidade, permitindo uma maior eficácia no tratamento
Em relação às restrições aos implantes hormonais, os cuidados existem, como em qualquer via de administração de medicamentos. Por isso, a paciente deve ser avaliada quanto ao seu estado de saúde, às queixas, aos exames laboratoriais, mamografia e USG transvaginal, aos fatores de risco genético e aos hábitos de vida.
Não é o hormônio que oferece risco, mas o seu desequilíbrio, a falta ou o excesso. O mau uso dos hormônios, como de qualquer outra substância, pode ser prejudicial à saúde, e o profissional habilitado está apto a abordar cada caso com o máximo de responsabilidade.
Todos esses cuidados e a conscientização sobre o método visam também a evitar falsas expectativas de resultados estéticos, que dependem muito mais de um conjunto de fatores, como alimentação adequada, atividade física regular, hidratação, sono reparador, autocuidado da pele e dos cabelos, suplementação de vitaminas e de minerais, e claro, uma reposição hormonal bem planejada, especialmente, modulada e adequada a cada mulher.
MÁRCIA FONSECA
Ginecologia e Histeroscopia
CRM/PB 4216 | RQE 3394