Nosso cérebro tem uma capacidade fantástica de se transformar diante das experiências que vivemos. Através dos estímulos que nos são apresentados, expandimos nossas habilidades e aprendemos coisas novas todos os dias.
A neuroplasticidade ou plasticidade neural é definida como a capacidade do nosso cérebro modificar sua estrutura e função a partir da nossa contínua experiência. Isto é, redes de neurônios que suportam e aumentam padrões de resposta a estímulos frequentemente encontrados. A experiência da recompensa e da resposta do ambiente é parte integral do processo de aprendizagem.
As experiências moldam o cérebro, estimulando a formação de ligações de neurônios sensitivos e regiões neurais, que permitem o desempenho cada vez mais qualificado e automático. Assim, as redes neurais que permanecem são as que foram ativamente usadas. Quando se estimulam as ligações entre as células, elas tornam-se mais fortes, mais rápidas e, também, mais sensíveis aos estímulos que causam sua ativação inicial.
A neuroplasticidade revela a capacidade de o nosso cérebro em ser “plástico”, sendo capaz de absorver novos aprendizados a partir dos estímulos do ambiente, da motivação e da repetição deles. Ela está presente ao longo da nossa vida, porém é mais eficiente quando o cérebro é jovem, por isso é tão potente nas crianças, ou seja, nos cérebros infantis. E nas crianças com autismo não é diferente!
Sabemos que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, em seu processo de evolução, o cérebro se desenvolve e funciona diferente, revelando atrasos em áreas como a comunicação e socialização.
E, quando tratamos de cérebro, está intrínseco nele a plasticidade neuronal, a capacidade inata de transformação e novos caminhos que ele pode traçar a partir de estímulos diretivos e individualizados.
Por isso, a intervenção precoce é tão importante, pois estamos diante de um cérebro muito plástico, que, se estimulado adequadamente, pode transformar a vida da criança e, também, de sua família.
Quando estamos diante de um bebê, estamos diante de um cérebro cheio de perspectivas de desenvolvimento. Quanto mais estimulamos a criança, mais ela aprende. Quanto mais divertido é o ensino, mais a criança vai querer repeti-lo e, consequentemente, mais vai expandir novas habilidades.
Lembrem: para aprender, precisamos de motivação e repetição. E com as crianças não é diferente. O ensino/terapia deve ser lúdico, planejado e individualizado.
Sendo assim, o cérebro se molda aos novos conhecimentos e refaz novos caminhos em seu desenvolvimento, ampliando o repertório global da criança e diminuindo, assim, os sinais do autismo. Quanto mais cedo a criança iniciar as terapias, ao menor sinal de atraso presente, melhor será seu prognóstico. E isso se deve a neuroplasticade!
Dra. Tatianna Wanderley
Fonoaudiologa
CRFA 4-7542