Diante do diagnóstico de nódulos na tireoide, que fazer? Quando e como tratar?
A maioria dos nódulos de tireoide não necessitam de tratamento, são alterações da estrutura da glândula que não causam problemas e podem regredir completamente. Entretanto, em algumas situações, precisamos tratá-los. Vejamos quais as principais indicações do tratamento: 1. nódulos volumosos com mais de 3 ou 4 cm; 2. aqueles que causam sintomas compressivos, como dificuldade para engolir ou para respirar; 3. os de crescimento progressivo entre uma ultrassonografia e outra; 4. nódulos malignos (câncer); 5. tireoide com múltiplos nódulos (bócio multinodular); 6. nódulos mergulhantes (que adentram o tórax); 7. quando o nódulo produz excesso de hormônio tireoidiano; 8. nódulos que causam alteração estética que incomoda o paciente; 9. seguindo a vontade do paciente (alguns pacientes não conseguem conviver com a ideia de que têm um nódulo e de que esse pode-se tornar um câncer).
Em situações como as descritas faz-se necessário intervir. Atualmente, são três as principais modalidades de tratamento, quais sejam:
· Tireoidectomia convencional – O tratamento clássico e mais antigo dos pacientes com nódulos de tireoide é a remoção cirúrgica da glândula como um todo ou da metade acometida pelo nódulo (remoção apenas do nódulo nunca é indicada). Pode ser aplicada em todas as indicações de tratamento descritas acima.
Que tem de novidade?
· Tireoidectomia por vídeo (TOETVA) – um dos inconvenientes da cirurgia convencional é a cicatriz na região anterior do pescoço, a qual pode-se formar de maneira bastante evidente. Na TOETVA, a tireoide é removida através de 3 pequenos orifícios feitos na parte interna do lábio inferior, sem cortes no pescoço, de tal forma que não restam cicatrizes evidentes. Trata-se da mesma cirurgia que a convencional, sem nenhum risco acrescido e já praticada em todo o mundo. Por essa técnica podemos tratar todas as indicações acima listadas, a exceção de tumores malignos muito volumosos ou que necessitem da remoção dos linfonodos laterais do pescoço. Entretanto, cânceres que necessitem apenas da remoção dos linfonodos centrais do pescoço podem facilmente ser tratados por essa técnica.
· Ablação por radiofrequência guiada por ultrassonografia – Essa modalidade de tratamento ainda permanece exclusiva para lesões benignas. Com raras exceções pode ser aplicada em cânceres. Sua maior vantagem é tratar exclusivamente o nódulo tireoidiano, sem precisar remover a tireoide, sem a necessidade de hormônios após o tratamento, sem cirurgia, sem cicatrizes nem internação hospitalar. Nessa técnica, o cirurgião, guiado por uma ultrassonografia, introduz, através da pele do pescoço, uma agulha até o interior do nódulo da tireoide. Essa agulha está ligada a um gerador de radiofrequência que irá aquecer e esfriar a ponta da agulha repetidas vezes, causando a ablação do nódulo. Com o passar dos dias, o nódulo irá regredir, podendo desaparecer por completo em poucos meses.
JOÃO PAULO DE MEDEIROS VANDERLEI
Cirurgião de Cabeça e Pescoço
CRM/PB 5966 | RQE 3837