Por que Reabilitação Pós-Covid?

Entenda o que é a Síndrome Pós-Covid, como age e por que tem sido recomendado um tratamento integral e personalizado para se evitar a cronicidade?

Com o surgimento da COVID-19 e as inúmeras mutações do Coronavírus (SARS-COV-2), atualmente, nos deparamos com novas situações que chamam a atenção de autoridades nacionais e internacionais. Por conseguinte, muitas pessoas que foram acometidas pela doença há alguns meses vêm se queixando de sinais e sintomas subagudos relativamente duradouros que acometem diversos órgãos e sistemas do nosso corpo. Isso evidencia que o vírus realmente consegue acessar e se replicar utilizando-se do receptor ECA-2 (Enzima Conversora de Angiotensina 2), através do qual ele consegue acessar todo o nosso organismo, além de estimular uma resposta imunológica, em alguns pacientes, exacerbada, levando a lesões multissistêmicas, que se não tratadas de forma especializada e personalizada, cronificarão, acarretando uma perda na longevidade e na qualidade de vida.

Muitos indivíduos acometidos pela COVID-19, sendo eles internados ou não, com ou sem sintomas, vêm apresentando síndromes cardiológicas (pericardite, miocardite e arritmias), encefalites, distúrbios cognitivos (déficit de atenção e hiperatividade, lapsos de memória, névoa mental), crises de irritabilidade, ansiedade e até mesmo a temida depressão maior, que na maioria das vezes é refratária aos antidepressivos mais comuns utilizados na atualidade.

Outras situações são objetos de relatos de pacientes, a exemplo de desconforto respiratório persistente, ocasionado por substituição do tecido pulmonar por cicatrizes, denominadas de fibrose, as quais reduzem a capacidade de expansão pulmonar e a troca gasosa (entrada de oxigênio e saída de gás carbônico). Outras ocorrências também encontradas são as lesões de pares cranianos, levando a perda do olfato e/ou paladar, déficit na acuidade e acomodação visual, parestesias (dormências em partes das mãos e pés), além de alterações do sistema nervoso simpático e parassimpático, que podem ocasionar a incapacidade de percepção da temperatura corporal, da pressão arterial, dentre outros. No que se relaciona às lesões cutâneas, podemos elencar as urticárias ou pruridos, alteração da circulação de extremidades, como mudança na coloração das palmas das mãos e das plantas dos pés, variando de coloração avermelhada, esbranquiçada e azulada, o que é denominado de Fenômeno de Raynaud.

Frente ao exposto, precisamos de um novo modelo de medicina, com vistas ao desenvolvimento de prevenção de novas pandemias virais atuais e futuras. Isso porque no modelo atual sempre correremos para combater o patógeno ou a doença, mas é preciso ter consciência que nessa corrida o vírus sempre estará à frente. Para que desenvolvamos vacinas ou antivirais, muitas vidas serão perdidas e outras tantas sofrerão com sequelas, buscando adaptar-se à nova realidade. Logo, a nova proposta terapêutica caracteriza-se por prevenir infecções com o fortalecimento imunológico do indivíduo, triar e reabilitar interdisciplinarmente o paciente pós-Covid de acordo com as necessidades dele, permitindo então que sequelas sejam amenizadas ou até mesmo evitadas.

Dra. Dafna Patriarca Salvi
Médica
CRM/PB 13129