A gestação é um período de grandes alterações fisiológicas no corpo da mulher, inclusive na cavidade nasal. Mudanças na fisiologia nasal durante a gestação podem provocar muitos sintomas e desconfortos para a paciente.
A rinite gestacional é definida como a obstrução nasal que não existia antes do período da gestação. Em geral, ocorre no segundo ou terceiro trimestre sem fator alérgico desencadeante ou sinais de infecções de via aérea superior.
Além da obstrução nasal, outras manifestações podem estar presentes, como: respiração oral, roncos, aumento na secreção nasal, sangramentos e ressecamento da mucosa do nariz. Felizmente, esses sintomas costumam resolver-se em até duas semanas após o parto.
Mulheres que já apresentavam queixas nasais antes da gravidez podem apresentar piora dos sintomas.
Mas o que provoca a rinite gestacional? As alterações hormonais!
O tecido que reveste o nariz, chamado mucosa, contém receptores para estrogênio, o qual aumenta a sensibilidade dos receptores para histamina na microvasculatura nasal, ocasionando edema da mucosa e dos cornetos nasais.
Além disso, a progesterona pode contribuir para a vasodilatação da mucosa nasal, podendo levar à congestão e sangramentos.
A obstrução nasal causada pela rinite gestacional traz prejuízo ao sono da gestante, contribuindo para roncos, respiração oral, fragmentação do sono e, até mesmo, apneia obstrutiva do sono (fator de risco para hipertensão materna, pré-eclâmpsia e restrição de crescimento fetal intrauterino).
Em virtude do grande impacto da rinite gestacional na qualidade de vida da gestante, o otorrinolaringologista e obstetra devem trabalhar em parceria e atentos ao diagnóstico precoce e manejo correto, levando sempre em conta a idade gestacional da paciente e o perfil de segurança de cada medicamento prescrito.
O tratamento envolve a hidratação nasal com soro fisiológico e o uso de medicações específicas prescritas sob orientação médica. Algumas dicas podem auxiliar no controle do desconforto da paciente: elevação da cabeceira da cama, aumento da ingesta de água e a realização de atividade física (se liberada pelo obstetra e acompanhada por profissional adequado).
O alerta final – e principal – é que a gestante deve sempre procurar o médico especialista e jamais se automedicar, já que a maioria das medicações descongestionantes vendidas na farmácia sem prescrição médica são contraindicadas durante este período, devido aos riscos para o feto.