Teremos menos chance de cura do câncer de mama após a pandemia?

O impacto negativo gerado pela pandemia do Covid-19 não se resume às alarmantes estatísticas de mortes, que diga o combate ao câncer. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) estima o aparecimento de 65 mil casos novos de câncer de mama no Brasil, independentemente da pandemia. No entanto, esses diagnósticos têm sido retardados com a queda de aproximadamente 75% na procura das pacientes por exames de rastreamento e pelo tratamento de alterações nas mamas, no período de março a abril de 2020, quando comparando com o mesmo período do ano passado. Isso se deve não apenas ao medo de contrair a doença causada pelo coronavírus, mas também pela restrição do acesso aos serviços públicos e privados, os quais tiveram seus esforços direcionados para o tratamento de pacientes infectados pelo vírus, dificultando a assistência dos pacientes portadores de outras doenças. 

A crise do coronavírus pode levar a 18.000 mortes adicionais devido ao câncer no próximo ano no Reino Unido, foi o que mostrou um artigo publicado no jornal inglês The Guardian. Segundo os pesquisadores, essas mortes são justificadas pelo atraso no diagnóstico e no início do tratamento, quando confirmada a doença, fato que vem ocorrendo também no Brasil. Como mastologistas, temos percebido que, nesse período de pandemia, tem aumentado sobremaneira o número de mulheres que chegam ao consultório com tumores avançados, o que interfere, de forma crucial, no prognóstico dessas pacientes. 

No cenário atual, as mulheres devem manter uma rotina de exames preventivos relacionados à sua saúde. Tal atitude permite a realização de diagnósticos precoces, garantindo à paciente chances de cura de até 95% dos casos de câncer de mama. Inclusive, para facilitar o acesso ao Médico, a telemedicina, implementada pelo Conselho Federal de Medicina, pode ser utilizada como ferramenta, possibilitando, em casos em que a consulta presencial não é possível, consultas à distância, evitando deslocamentos desnecessários e diminuindo a exposição ao risco de contágio pela Covid-19. 

Por fim, ressaltamos que as pacientes com diagnóstico positivo para câncer não devem abandonar seus tratamentos oncológicos, sob pena de afetar-lhes a eficácia, conforme adverte as recomendações de sociedade médicas nacionais e internacionais. Não podemos esquecer que o câncer não pode esperar o final da pandemia, já que não temos ideia de quando ela encerrará. Com, sem ou apesar da pandemia, as mulheres com 40 anos ou mais devem realizar a consulta com o mastologista e a mamografia anualmente. 

ROSSANA PAIVA 
Mastologista 
CRM/PB 7334 I RQE: 4913 

RAFAELA MONTENEGRO
Mastologista
CRM/PB 8126 I RQE 5333 

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