Violência psicológica contra a mulher

A mais velada e com maior incidência entre os tipos de violência aparece, sutilmente, no início das relações, e muitas mulheres nem se dão conta de que estão sendo vítimas desse tipo de abuso. A violência psicológica, além de fragilizar o estado emocional da vítima, gera danos gravíssimos a sua saúde mental. Comumente aparece na forma de ameaças, de constrangimentos, de humilhações, de chantagens e de xingamentos. Nesse sentido, qualquer conduta que cause dano emocional, diminuição da autoestima, prejudique o bem-estar ou qualquer ato que vise controlar suas ações, seu comportamento ou suas decisões, é violência psicológica.

É uma violência grave, dolorosa e contínua, em que a mulher se vê presa no cárcere da sua própria mente. Além disso, o abusador psicológico utiliza as mais variadas estratégias e, na maioria das vezes, ainda faz a vítima sentir-se culpada e presa nessa relação abusiva. Essas agressões psicológicas adoecem as vítimas e trazem consequências  desastrosas, as quais, muitas vezes, atingem  também os filhos que presenciam tal atrocidade. Nessa conjuntura, muitas crianças e adolescentes podem apresentar quadros de insegurança, medo, revolta e, até, repetir esses comportamentos em suas relações amorosas futuras.

Apesar de estar bastante evidente na atualidade, a violência psicológica não é um tema novo, visto que é observada em muitos estudos históricos – através de escritos sobre patriarcalismo, machismo e feminismo -, nos quais observa-se a luta desde outrora das mulheres por seus direitos e por desvencilhar-se da submissão ao sexo oposto, característica imposta às mulheres dessa época.

Nos dias atuais, embora tenha ocorrido a conquista de muitos direitos pelas mulheres, a figura feminina ainda sofre discriminações e preconceitos. Nessa perspectiva, a violência psicológica contra a mulher representa um risco para a sociedade, haja vista que é extremamente nociva e causa danos irreversíveis às suas estruturas emocionais. É um processo doloroso, camuflado na sociedade e difícil de ser comprovado. Muitos são os problemas mentais e físicos evidenciados por esse tipo de violência. 

A sociedade precisa entender que a violência psicológica contra a mulher é um problema público e de cunho social. Dessa forma, há a necessidade de uma maior instrução à população e de meios mais eficazes de proteção para a mulher, visto que se observa, no cenário atual, um aumento desenfreado nesses casos de violência e pouca eficiência do Estado nos quesitos de informação e de proteção à mulher. Se o senso de justiça prevalecesse em todos – sobre qualquer medo ou acomodação – ou, ainda, se as pessoas tomassem consciência que esse é um problema corrente e que atuar na prevenção e solução desses casos de violência psicológica é necessário e que não se pode calar diante de tal perversidade, seria mais fácil combatê-la.

Mulheres que sofrem esse tipo de violência podem desenvolver diversos problemas: quadros de ansiedade, depressão, pensamentos suicidas, disfunções físicas (como distúrbios alimentares, alteração do sono e alcoolismo). Portanto, é primordial que a vítima consiga romper esse ciclo. Para tal, deve-se procurar um profissional de saúde mental e buscar meios legais para sua proteção, com o objetivo de livrar-se, de uma vez por todas, das amarras do relacionamento abusivo e da violência psicológica.

Dra Renata Cabral
Psicóloga clínica
CRP 13/9832

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