TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dois critérios: dificuldades de comunicação e interação social, assim como pela presença de comportamentos e interesses repetitivos ou restritos.
As crianças podem apresentar atrasos desde os primeiros meses de vida ou ter desenvolvimento normal até cerca de dois anos de idade, com regressão do desenvolvimento após.
Desde os primeiros meses de vida, o bebê já pode demonstrar alguns sinais que podem indicar TEA. Assim, ficar atento a pequenos gestos pode revelar a necessidade de uma maior atenção às atitudes dessa criança. São eles:
– Dificuldade de fixação do olhar ao rosto materno;
– Indiferença ao colo dos pais ou mais próximos;
– Ausência de atenção ao compartilhar estímulos;
– Pouca resposta a estímulos dos outros;
– Não desenvolvimento de sons de balbucios apropriados para idade;
– Desinteresse social: prefere objetos, coisas ou espaços isolados;
– Brinca estranho e sozinha, sem envolver-se com os outros;
– Dificuldade na interação com pessoas e preferências por objetos;
– Comportamentos repetitivos;
– Não atende o pelo nome.
Esses sinais podem ajudar a família e o pediatra geral a anteciparem a descoberta do autismo em bebês e iniciar as terapias precoces para permitir o progresso do neurodesenvolvimento. Cerca de 60% dos casos apresentam sinais de TEA já ao nascerem, por isso a importância de ficarem alerta todas as pessoas que convivem com os bebês.
É preciso entender que a criança não precisa apresentar todos os indícios para levantarmos a suspeita. Basta surgirem alguns indícios desses sinais de atraso do neurodesenvolvimento para ser indicada a avaliação médica especializada (neuropediatra ou psiquiatra infantil), que irá avaliar o tipo de acompanhamento com equipe Multidisciplinar (pediatra, psiquiatra infantil, neurologista infantil, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, psicopedagogo, fisioterapeuta e escola) para que a investigação diagnóstica e os tratamentos reconhecidamente eficazes sejam instituídos rapidamente.
Não é necessário fechar diagnóstico de certeza para iniciar as terapias. Na suspeita, já se deve instituir o tratamento multiprofissional para estímulo adequado de acordo com a idade. E se caso após for descartada a possibilidade, sem problemas, afinal, estímulo correto nunca é demais!
O início da terapia precoce (antes dos 3 anos) garante utilizarmos da neuroplasticidade cerebral para maior formação e remodelamento de redes neuronais estáveis, o que permite uma significativa melhoria no desenvolvimento infantil e na qualidade de vida da criança para sua autonomia e de sua família, sendo o acompanhamento médico neuropediátrico periódico essencial nessa evolução.
O diagnóstico do Autismo é clínico. Ele só é possível por meio da observação direta do comportamento.
Não existe cura para o autismo. Então, uma vez dado diagnóstico, ele é definitivo, por isso deve ser feito de modo muito criterioso.
Quando o diagnóstico é definitivo, o médico especialista deve acolher a família tirando suas dúvidas, explicando os tratamentos mais adequados e eficazes, selecionando uma equipe confiável, informando sobre a importância do envolvimento da família no processo terapêutico e a forma correta de inclusão escolar, bem como investigar outras condições que podem causar o autismo.
A qualquer indício de atrasos, procurar ajuda adequada baseada na ciência é a maior forma de amor que você pode dar para a criança.
Dra. Suenia Timotheo
Neuropediatra
CRM/PB 8086
RQE 5769