A constipação crônica afeta uma média de 15% da população, em geral, e define-se como a evacuação irregular, difícianismol ou pouco frequente. Observa-se prevalência de 80% em mulheres, sendo mais afetados os idosos, a população de baixa renda e de menor nível de escolaridade. A literatura identifica subtipos para constipação, que podem ocorrer isoladamente ou combinados, são eles: 1) Constipação de trânsito lento: Haverá trânsito com movimentos intestinais lentos (intestino preguiçoso); 2) Constipação de trânsito normal: Conhecida como síndrome do intestino irritável, os pacientes, normalmente, apresentam defecação difícil, dor e dilatação abdominal; 3) Constipação pélvica: Dá-se por incoordenação do assoalho pélvico durante a defecação e hipossenbilidade retal, acarretando em incapacidade de esvaziamento retal pleno.
– Como o médico pode avaliar e confirmar o diagnóstico? Faz parte desta abordagem a avaliação laboratorial, que inclui função tireoideana, nível de cálcio e, para regiões endêmicas, diagnóstico diferencial para doença de Chagas. Alguns exames de imagem podem contribuir para elucidação diagnóstica. A colonoscopia tem como finalidade afastar tumorações ou a ocorrência de estreitamento mecânico da luz intestinal; o estudo de tempo de trânsito colônico é essencial para diferenciar o tipo de alteração da motilidade intestinal que, por meio de aparência radiológica, define-se entre inércia colônica, inércia de cólon distal ou defecação obstruída. A manometria anorretal verifica alterações da musculatura pélvica e anal, como ocorre no anismus, que é uma contração paradoxal dos músculos pélvicos que interfere na defecação. A defecografia ou defecoressonância tem a finalidade deavaliar a anatomia pélvica, contração paradoxal, prolapso retal, intussuscepção interna, retocele, sigmoidocele em que todos contribuem para defecação obstruída.
– Qual é o tratamento para estes pacientes? Inicia-se com o acolhimento das queixas referidas pelo paciente e abordagem educativa quanto aos hábitos e funcionamento intestinal ideal. As orientações incluem modificação do estilo de vida, com inserção de exercícios físicos e melhora nutricional, inserindo fibras e aumentando a ingestão de água. Os medicamentos são válidos para os casos de pouca resposta à abordagem educativa.
A Cirurgia constitui opção terapêutica de indicação excepcional, em constipações graves e intensas, com intervalos acima de uma semana sem evacuação, associada a não resposta terapêutica conservadora. E, ainda, para a contração pélvica paradoxal e hipossensibilidade retal indica-se tratamento fisioterapêutico especializado, com sessões de reeducação funcional por biofeedback para condicionar a musculatura pélvica para a melhora da capacidade de defecação. Finalmente, ressaltamos a importância da avaliação criteriosa do coloproctologista para condução terapêutica especializada e assertiva.
Tarcisio Carneiro
Coloproctologista
Endoscopia Digestiva
CRM/PB 4366 | RQE 3544 | RQE 3545