Muitos estudos têm mostrado que a cirurgia bariátrica é um dos métodos mais eficazes para o tratamento da obesidade em graus II e III e na melhora das comorbidades associadas, com resultados de 26 a 38% de perda de peso de três a cinco anos, variando de indivíduo para indivíduo. Embora alguns mecanismos ainda não sejam tão exatos o que se acredita é que as alterações neuro-hormonais no pós-operatório promovem a perda de peso sustentada, regulando o controle da fome e o aumento da saciedade. Alguns estudos falam que a cirurgia bariátrica tem efeitos ainda mais amplos sobre o comportamento alimentar.
O desafio mais importante no tratamento da obesidade não é tão somente aliviar a fome ou aumentar a saciedade, mas achar soluções para a relação entre o indivíduo e a comida mantendo um efeito positivo relacionado a recompensa alimentar. No pós-operatório essa relação entre o intestino e o cérebro se dá por liberações de citocinas e hormônios que participam no controle da ingestão alimentar, podendo apresentar mudanças no paladar e na escolha de alimentos.
O comportamento alimentar de indivíduos obesos sempre chamou atenção de toda a sociedade. Antes de reconhecerem a obesidade como doença ela era conhecida como comportamento alimentar ‘’fora do normal’’ ou ‘’incomum’’, entretanto, ao longo dos anos, foram descobrindo que ela não está ligada somente a uma alimentação inadequada, mas também a transtornos alimentares.
Vários estudos investigam sobre o comportamento alimentar no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica, e foi observado que pacientes de até 2 anos de pós-cirúrgico podem desenvolver hábitos impulsivos, além do habito de ‘’beliscar’’, dando preferência a alimentos de fácil digestão e ingestão. Isso ocorre devido a sensações físicas e psicológicas relacionadas à fome, à ansiedade ou ao vício de mastigar.
O acompanhamento nutricional tem como principal objetivo evitar complicações nutricionais no pós-operatório de cirurgia bariátrica, por meio de orientações quanto a mudança no comportamento alimentar, além de monitorar o estado nutricional através de exames bioquímicos e avaliação antropométrica. A obesidade é uma doença, por isso requer um tratamento contínuo e regular com toda a equipe multidisciplinar visando minimizar o aparecimento de compulsão ou transtornos alimentares.
Dra. Mariana de Almeida Ferreira do Carmo
Nutricionista
CRN/PB 25269