A seletividade alimentar (SA) é um comportamento comum na idade pré-escolar (2 a 6 anos), caracterizada pela resistência em experimentar novos alimentos e uma ingestão reduzida dos nutrientes necessários ao bom desenvolvimento físico e mental da criança. As causas da SA são inúmeras: baixo peso ao nascer, pouco tempo de amamentação, introdução tardia dos alimentos sólidos durante o primeiro ano de vida, experiências indesejáveis associadas à alimentação como vômitos, engasgos e refluxos. Outros fatores que podem contribuir para um quadro maior de seletividade alimentar são a presença de doenças crônicas, efeitos colaterais de determinados medicamentos, bem como alergias e intolerâncias alimentares.
Geralmente esse comportamento se resolve com a mínima – ou, mesmo, nenhuma – intervenção dos profissionais de saúde. Entretanto em parte das crianças neurotípicas e na maioria das crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) esse quadro pode persistir por vários anos, ocasionando sérias consequências para a saúde e desenvolvimento global infantil, repercutindo até a vida adulta.
A confirmação do diagnóstico de transtorno alimentar deve ser feita por um nutricionista ou médico, com base em exames laboratoriais, sinais e história clínica dos sintomas. Esse profissional poderá verificar a presença de outros problemas que possam levar à rejeição da alimentação, como dificuldades para mastigar e deglutir ou problemas gastrointestinais.
O tratamento consiste em duas etapas realizadas simultaneamente: primeiro, com base nos exames apresentados e no histórico clínico do paciente, inicia-se o tratamento da disbiose intestinal, que nada mais é do que o desequilíbrio na flora bacteriana intestinal ocasionado pela alimentação inadequada, uso excessivo de medicamentos e pelo estresse, muito comum em crianças com Transtorno Alimentar.
Para tratar a disbiose intestinal, é necessária a mudança de hábitos alimentares, reduzindo o consumo de alimentos processados e ultraprocessados (ricos em gordura, farinha e açúcar refinado) e aumentando a ingestão de água, fibras, legumes, frutas e hortaliças. Em alguns casos, a suplementação de nutrientes essenciais como vitaminas do complexo B, prebióticos e probióticos também são recomendados e propiciam uma melhora significativa do quadro clínico do paciente.
Nesse cenário, a Terapia Nutricional Alimentar tem conseguido excelentes resultados na medida em que amplia o repertório alimentar dos pacientes de maneira lúdica e divertida, oferecendo os alimentos de diversas formas, texturas, sabores e tipos de preparo, sempre respeitando o tempo e a vontade da criança, além de possibilitar que ela também participe do processo de criação das receitas e preparo dos alimentos.
Janete Araújo Pereira Diniz
Nutricionista
CRN/PB 27247
FITO-057/CRN6