Você sabe Gerenciar o Estresse?

O estresse é definido como emoções que geram uma resposta do corpo a um trauma. Geralmente, são situações que estão além da vontade ou capacidade de a pessoa envolvida resolver, como às condições de catástrofe, pandemia, dificuldades econômicas, conflitos familiares e situações extremas. A sensação de impotência frente a magnitude de um problema gera não somente um sofrimento da mente como uma série de respostas fisiológicas do corpo, levando as pessoas ao limite. Segundo a OMS, cerca de 90% da população mundial sofre com o estresse.

Acredita-se que o estresse desregula os hormônios, tais como adrenalina, noradrenalina e cortisol. O cérebro envia informações ao corpo avisando que todo organismo está em perigo. Esse efeito de tensão e reação mexe com todos os sistemas do corpo humano. Por isso que muitos pacientes estressados podem desenvolver hipertensão, diabetes, infartos, acidentes vasculares encefálicos, disfunções sexuais, distúrbios gastrointestinais, queda de cabelos, manchas na pele, obesidade ou emagrecimento repentino, queda abrupta da imunidade e vulnerabilidade a infecções.

O principal fator para desenvolver o estresse, sem dúvida, é vivenciar um evento traumático. Incluindo, também, as situações extremas em que os profissionais socorristas, policiais e jornalistas estão expostos continuamente. Porém não é só privativo de desenvolver estresse aquele que vivencia ou vivenciou o trauma.  Testemunhar ou simplesmente saber que um parente ou amigo próximo passou por uma situação de trauma pode, também, favorecer ao estresse.

Essa situação ocorreu com intensidade na pandemia, que somente em saber que um parente, amigo ou vizinho faleceu de Covid, gerava uma série de reações, envolvendo medo intenso. Não era somente o medo de falecer com a mesma causa, mas de passar pelos mesmos traumas que os familiares diretos das vítimas estavam vivenciando.

Os sintomas de estresse são percebidos, na maior parte da população, como irritabilidade, preocupação excessiva, falta de concentração, inquietação e sensação de nervosismo. Esses sintomas são alguns dos sinais de alerta para os níveis de estresse. Principalmente, quando os pensamentos diários e revivências estão relacionados ao evento traumático.

As alterações do sono também estão envolvidas no estresse. Com destaque, os pesadelos e dificuldade para iniciar ou manter o sono, sendo reflexo de lembranças intrusivas e angustiantes. A diminuição do sono deve-se à incapacidade de a pessoa com estresse conseguir “desligar a mente”, que a todo momento revivencia a situação traumática. 

Um dos sintomas marcantes são evitações de pensar no ocorrido, além de pessoas, lugares e tudo que o faça lembrar do episódio causador do sofrimento. O trauma é tão intenso, que somente recordar-se daquele momento difícil produz uma série de emoções parecidas com as mesmas que o paciente teve no momento do evento estressor. Em situações mais extremas, o paciente pode distorcer completamente o ambiente ao redor.

Outra apresentação do estresse é o esquecimento de parte do momento difícil que passou, além de criar expectativas negativas e exageradas de tudo que vivenciou. Essas emoções intensas, podem gerar distorções de si mesmo, dos outros e do mundo, indo do medo e sentimento de culpa até o estado de raiva.

A fúria e a falta de paciência são sintomas bem característicos de estresse. Quem nunca se deparou com pessoas tendo surto de raiva, com agressões verbais e até mesmo físicas no trânsito, em casa ou no trabalho? As pessoas estressadas também podem apresentar um comportamento imprudente e autodestrutivo, onde a explosividade funciona como um mecanismo de defesa, em que as pessoas estressadas tentam lidar com os impasses de determinadas situações. Enquanto uns irão se isolar, outros enfrentarão com respostas desproporcionais no cotidiano.

Por outro lado, pessoas mais estressadas apresentam maior relação com abuso de drogas. Devido ao efeito de euforia inicial, as drogas vão envolvendo as pessoas até um quadro de franca dependência. Além de serem uma válvula de escape, são intensificadores do estresse. Mas, com o passar do tempo, as pessoas continuarão com o mesmo estresse, devido à ausência de um tratamento especializado, e também com um outro problema, a dependência química.

É importante recordar que a maioria das pessoas já vivenciaram algum trauma durante a vida. Porém, quando o estresse causar prejuízo físico e mental, é necessário buscar ajuda e acompanhamento, com psicólogo e psiquiatra, especialistas adequados no enfrentamento do estresse.

Para enfrentar o estresse, é fundamental que as pessoas modifiquem o estilo de vida, ou seja, exercitar a higiene do sono, ter uma alimentação saudável, realizar a prática de atividades físicas, desacelerar o ritmo de trabalho, quando este for exaustivo, e proporcionar períodos de lazer e descanso.

 Em alguns casos, em que essas medidas não farmacológicas são insuficientes, o tratamento medicamentoso poderá ser indicado após avaliação rigorosa, fundamentada em protocolos, baseados em evidências científicas, por um médico psiquiatra.

Portanto, as medidas de prevenção e tratamento são essenciais para o enfrentamento do estresse, transformando assim, o trauma em ações que geram movimento e reconstrói as bases de uma vida saudável.

Dr. Iran Pessoa
Psiquiatra
CRM/PB 8687 | RQE 6486

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