A afetividade no processo de aprendizagem

Você já deve ter ouvido falar de quanto é importante que as crianças com TEA (transtorno do espectro do autismo) e outros atrasos do neurodesenvolvimento sejam acompanhadas por meio de terapias intensivas e precoces.

Sabemos que isso é verdade, pois o cérebro aprende através da repetição dos estímulos e quanto mais jovem ele for, mais neuroplasticidade ele terá, gerando um maior número de sinapses nervosas, refazendo seus caminhos. Porém se o ensino não for prazeroso e afetuoso, ele não será efetivo.  

A afetividade é uma parte integrante de nossa vida psíquica. Nossas expressões e ações não podem ser compreendidas se não considerarmos os afetos que as acompanham. O afeto é um dos sentimentos que mais gera autoestima entre pessoas, pois garante o bem-estar do corpo gerando confiança e respeito de ambas as partes. Pode-se dizer que a afetividade é um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos de satisfação ou insatisfação, de alegria ou tristeza (miranda, eliane).

Para Piaget, a aquisição de conhecimento acontece por meio de experiências adquiridas em um contexto no qual estão inseridas. Para ele, a formação do conhecimento humano depende da interação entre o indivíduo e o ambiente em que ele vive.

Quando inserimos a criança em um ambiente seguro e acolhedor, a relação de afeto e confiança alicerça o aprendizado, pois é na troca de experiências e interações que construímos nossos conhecimentos. É na prática que consolidamos o que aprendemos.

Mas se o ensino não for motivador, respeitoso e acolhedor, o aprendiz não se manterá engajado em avançar, tornando o aprendizado frágil e temporário. Ou seja, a criança não aprende, não generaliza, não expande.

Se a criança, seja ela neurotípica ou neurodivergente, não estiver imersa no afeto em seu ambiente de ensino, ela não será reforçada a aprender. Repetição sem afeto não gera conhecimento. Afeto, prática e motivação, sim!

 O maior estímulo para a criança aprender deve ser a relação que ela mantém com o preceptor, seja ele seu terapeuta, sua família ou seu professor. É importante que a criança esteja feliz em seu processo de ensino-aprendizagem. Que ela seja encorajada e acolhida em seu processo de aquisição de conhecimento. Que sua família acredite e se dedique a ser seu porto seguro, semeando um terreno de autoconfiança e encorajamento. O tempo todo as crianças estão em processo de construção de conhecimento, em processo evolutivo. E o ensino de novas habilidades, novos conceitos, novos saberes se dará de forma efetiva, generalista e saudável quando eles estivarem “colados” pelo afeto. Portanto, sejamos reflexo de saberes, mas também – e sobretudo – de aconchego e admiração.

Dra. Tatianna Wanderley
Fonoaudióloga
CRFA 4-7542

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