A endometriose é uma doença que acomete mulheres, na qual células do endométrio (camada interna no útero) implantam-se fora de sua localização fisiológica. A endometriose intestinal, por sua vez, é definida como o implante desse tecido no intestino. A incidência da endometriose é considerada alta, estimando-se que pelo menos 10% das mulheres em idade reprodutiva sejam afetadas. Em mulheres com dor pélvica crônica essa porcentagem pode chegar a 82%, e naquelas com queixa de infertilidade, de 20 a 50%.
O diagnóstico é dado, primordialmente, pelo ginecologista e, dependendo da gravidade, uma avaliação multidisciplinar faz-se necessária, incluindo a do coloproctologista. Em geral, as pacientes com endometriose podem apresentar queixas de constipação (prisão de ventre), tenesmo (sensação de evacuação frequente), distensão abdominal, diarreia, sangramento e dor à evacuação.
Quando a endometriose atinge o intestino, a cirurgia passa a ser uma boa alternativa para o tratamento. Durante avaliação pré-operatória, o coloproctologista tem o papel de realizar uma avaliação anatômica e funcional do canal anal e do reto, com um exame proctológico minucioso, incluindo a colonoscopia e análise de outros exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética para mapeamento da doença. Através disso, é possível estimar o grau de acometimento intestinal da doença e mapear outras doenças intestinais que possam dificultar a cirurgia.
A avaliação pré-operatória também é fundamental para definir ou programar o tipo de cirurgia a qual a paciente será submetida. O método empregado atualmente é a laparoscopia, que permite manipulação fina e adequada, além de uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. No tratamento da endometriose intestinal pode ser realizado desde uma simples raspagem do intestino (shaving) para retirada dos focos da doença ou, até mesmo, a retirada de um ou mais segmentos do intestino.
Ademais, em se falando de tratamento cirúrgico, é importante enfatizar a possibilidade de colocação de sondas, drenos e, até mesmo, ostomias (colocação de parte do intestino no abdome). Essas ostomias podem ser necessárias como proteção para suturas intestinais próximas ao ânus ou em caso de intercorrências no pós-operatório. São raros os casos em que é necessário utilizá-las – algo em torno de 2% -, sendo provisórios na maioria dos casos. Tudo isso é manejado pelo coloproctologista, por possuir experiência no cuidado cirúrgico do intestino.
Dito isso, vê-se a importância do coloproctologista no manejo adequado dessa doença complexa que exige o empenho de uma equipe multidisciplinar e experiente nesse cuidado específico.
Dr. Gabriel Garcia
Coloproctologista
Endoscopista Digestiva
CRM/PB 7878
RQE 5360 | RQE 5632